Estoques estão baixos e cenário de preço é otimista
O secretário de Produção e Agroenergia, Manoel Bertone, do Ministério da Agricultura, afirmou ontem (19) que o cenário para o café é otimista. Segundo ele, os estoques estão caindo no mundo. Ele disse ainda que o Brasil nunca teve estoques tão baixos. O governo teria em mãos cerca de 1,7 milhão de sacas de café, referentes ao exercício dos contratos de opção, lançados no ano passado, e mais cerca de 400 mil sacas de grãos de safras velhas. Já o estoque da iniciativa privada é uma incógnita, que precisa ser desvendada, mas também está em baixa.
Ele acrescentou que países concorrentes do Brasil enfrentam problemas na produção, principalmente de natureza climática. "A Colômbia, por exemplo, perdeu a posição de segundo maior produtor mundial, para agora ficar atrás de Brasil, Vietnã e Indonésia".
Bertone disse que há espaço para otimismo, mas os preços do café não vão 'explodir'. De acordo com ele, o governo estuda como financiar a safra deste ano, que promete ser volumosa. "O governo vê com bons olhos a reivindicação dos produtores", disse ele. Os cafeicultores pedem crédito para financiar 20 milhões de sacas, mas cujo volume solicitado, "talvez, represente exagero de preocupação", comentou.
O secretário, que participou do 18º Seminário Internacional de Café de Santos, em Guarujá/SP, nos dias 18 e 19, informou que seriam necessários entre R$ 500 milhões e R$ 600 milhões para financiar a pré-comercialização com menor risco, "liberando o maior volume de recurso por saca, em relação ao preço de garantia". Além disso, Bertone acrescentou que também está em estudo a realização de leilões de contratos de opção de venda ao governo, como forma de sustentar os preços do produto.
O presidente da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), Carlos Alberto Paulino da Costa, disse que a oferta de café no Brasil pode ficar crítica em 2011 e 2012. Ele concorda que os estoques estão praticamente no fim, e o país colherá em 2011 uma safra menor do que a deste ano por causa da bienalidade da cultura.
Estimativas que circulam no mercado preveem a safra deste ano de 55 milhões até 60 milhões de sacas. Considerando que o Brasil consome 50 milhões de sacas (31 milhões de sacas em exportação e 19 milhões de sacas para consumo interno), "haveria excedente mínimo para 2011, quando o país colherá uma safra pequena, podendo faltar determinadas qualidades de café", comentou Paulino da Costa, que também participou do 18º Seminário Internacional de Café de Santos.
Nesse sentido, Paulino da Costa ressalta que o Brasil deve administrar bem a comercialização da volumosa safra deste ano. "O produtor não deve vender a qualquer preço, pois a tendência é que as cotações melhorem mais para o fim do ano".
Paulino da Costa explica que o setor produtivo, liderado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), reivindica do governo mecanismos de financiamento da produção. Os produtores querem crédito para 20 milhões de sacas pelo preço mínimo de R$ 261,69. "Quem conseguir segurar a produção vai poder vender melhor mais à frente", informou.
Hoje (20), o Comitê de Planejamento do Conselho Deliberativo de Política Cafeeira (CDPC) vai se reunir em Brasília, a partir das 10 horas, para tentar avançar nas propostas de financiamento da safra deste ano.
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