Setor deve atentar a mudança do preço mínimo do café em abril, alerta Silas Brasileiro
O Deputado federal Silas Brasileiro alerta e diz que o setor tem que estar atento a mudança do preço mínimo do café prevista para o próximo mês de abril.
Silas Brasileiro
Deputado Federal
Os preços mínimos dos produtos agrícolas terão revisão no próximo mês de abril. No caso do café, o preço mínimo atual está fixado em R$261,69 para os cafés arábicas de bebida dura para melhor com tipo 6. Sabidamente, este nível de preço não cobre os custos de produção. Em 2009, quando foi feita a revisão dos preços, os técnicos das principais cooperativas de café apresentaram planilhas de custo que demonstravam a necessidade de que o preço mínimo tivesse seu valor estipulado acima de R$320,00.
A razão que leva o Governo a fixar o preço mínimo em valores inferiores ao custo é o temor que em níveis mais altos os produtores venham a exercer o direito de venda nos preços mínimos fixados, o que poderia gerar um desembolso não previsto nas contas públicas. O que o setor privado através de suas lideranças e técnicos necessita para tentar convencer o poder executivo a colocar o preço mínimo do café em linha com o custo de produção é demonstrar que isto não irá gerar um movimento de venda dos produtores ao Governo, e por uma razão muito simples, o mercado não irá permitir que isto ocorra.
A explicação desta nossa afirmação vem do fato de nossos principais concorrentes estarem vendendo seus cafés em níveis muito acima dos nossos. O motivo que leva os cafés brasileiros a terem fortes descontos em relação aos nossos principais concorrentes não é sua qualidade. Os cafés brasileiros não são piores que os colombianos ou os produzidos na América Central. São sim diferentes. E são principalmente mais abundantes, somos os maiores produtores e exportadores. Vendemos no ano passado mais de 30 milhões de sacas para o exterior. A Colômbia vendeu menos de 10 milhões.
Na prática, o que ocorreria hoje se o preço mínimo do café fosse reajustado, por exemplo, para níveis de R$320,00, seria uma valorização do café brasileiro no mercado externo, com redução dos deságios praticados contra os nossos cafés (diferenciais). Quem iria reduzir isto? O mercado.
Mesmo com a valorização que seria provocada nos nossos cafés, eles ainda estariam muito abaixo dos preços de nossos concorrentes. Quem ganha com isso? Todos os agentes da cadeia café: trabalhadores recebem melhores salários, tem mais emprego no campo, produtores melhor remunerados têm recursos para pagar suas dívidas e investir na atividade, exportadores podem aumentar suas margens, indústrias têm seu abastecimento garantido no longo prazo pela possibilidade de aumento de produção compatível com o consumo, consumidores têm garantia de abastecimento sem aumentos repentinos nos preços. E o Governo além de exercer seu papel de desenvolver um setor vital para a Economia do país, garante a manutenção e até aumento de postos de trabalho, aumenta suas receitas cambiais, aumenta a sua arrecadação de impostos.
Parece tão óbvio, porque não conseguimos ainda convencer o Governo disso? Na nossa visão, por falta de foco. O endividamento tem ofuscado aquilo que a nosso ver deveria ser a principal política que deveria estar sendo prioritariamente defendida, que é a geração de renda. Não somos contrários a revisão e transformação das dívidas defendidas pelas lideranças da cafeicultura, mas entendemos que se não atacarmos a questão da renda, o problema do endividamento nunca terá fim.
Entendemos que a principal ferramenta disponível e factível de ser utilizada hoje para promover a renda do café brasileiro é o preço mínimo de garantia. Queremos dar início a uma ampla discussão com o Governo para tentarmos o convencimento da fixação dos preços mínimos em níveis condizentes com os custos e que sejam estratégicos para a manutenção da primazia da cafeicultura brasileira no mercado internacional. Queremos contar com o apoio das lideranças neste trabalho, de forma madura, serena, responsável, juntamente com os demais colegas parlamentares que estejam dispostos a defender o setor, colocando os interesses da cafeicultura em primeiro lugar.
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