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terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

3D da cafeicultura na visão de Sérgio Parreiras

3D da cafeicultura na visão de Sérgio Parreiras


Sérgio Parreiras, Engenheiro Agrônomo, Pesquisador Científico do Instituto Agronômico - IAC, Mestre e Doutorando pela Universidade Federal do Lavras - UFLA. Mediador da Comunidade Manejo da Lavoura Cafeeira do Peabirus, colocou a comunicação, o alinhamento e a transição organizacional como os 3 desafios para cafeicultura em 2010. Confira!

Desafio 01: Dar voz aos atores sociais

A Internet e seus ferramentais vêm possibilitando a comunicação, desobstruindo seus canais e criando ambiente de interação e de compartilhamento. Caminhamos hoje para a construção comunitária do pensamento, onde se somam o conhecimento acadêmico à sabedoria popular. Se no passado recente éramos o quanto de informações fossemos capazes de deter e utilizar ao nosso favor, hoje somos o aquilo que compartilhamos.

A mídia em massa oferece o conteúdo em sentido unilateral, a inteligência coletiva cria e debate esse novo conteúdo. Hoje, a edição e publicação de uma informação é papel de todos e pode ser enriquecida por meio de comentários, ou personalização. Destaque deve ser dado aos Blog's, Twitter, Facebook, Peabirus...

O desafio é incentivar o acesso à informação democratizada e sua constante atualização, gerando capital intelectual. Para isso, a interconexão generalizada entre as pessoas deve ser estimulada e incorporada pelo sistema agroindustrial do café.

Desafio 02: Aproximar academia e setor produtivo

Nos estudos de prospecção de demandas e nos "bate-papos" pelas andanças cafeeiras, torna-se notório algo inusitado: a maioria das tecnologias, técnicas ou serviços demandados pelo setor produtivo já foram pesquisados e estes conhecimentos não chegam ao produtor.

Culpa da extensão? Não. O que vale no meio científico é onde será publicado o novo artigo, e qual o fator de impacto dessa revista. Falta incentivo, além do ideológico, para que a academia esteja alinhada com a extensão, estabelecendo uma comunicação dialógica, permitindo que o conhecimento gerado chegue ao setor produtivo.

Culpa do pesquisador? Não. O sistema valoriza quem tem um belo "Currículo Lattes" e não quem faz ciência efetivamente aplicada. E na aprovação do próximo projeto ou na análise daquele sonhado concurso, o que vale são as publicações e os títulos.

Neste desafio, a sociedade necessita rever seus conceitos no que tange à pesquisa agropecuária e seus objetivos.

Desafio 03: Ampliar o desempenho organizacional da cafeicultura, sobretudo a de base familiar.

A cafeicultura experimenta um tempo em que somente a gestão impecável aliada à economia de escala com responsabilidade sócio-ambiental parece ser a solução.

Essa responsabilidade deixa de ser um diferencial, e se torna condição básica daqueles que pretendem permanecer com sucesso no negócio, uma vez que a legislação passa a ser fiscalizada a campo. A gestão refere-se à melhoria de desempenho da unidade produtiva por meio de processos e procedimentos, com aplicação de ferramentas e tecnologias de informação e comunicação. Não é mais tolerado o desperdício de bens e serviço, o amadorismo, o descuido comercial.

A busca de soluções compartilhadas a problemas comuns tende a ser mais eficiente, uma vez que o grupo pode gerar conteúdos melhores do que os individuais. Nesse ponto a obtenção de escala de produção e de comercialização remete ao associativismo, ao cooperativismo.

Desta forma o desafio 3 seria a transformação organizacional da unidade e do próprio setor produtivo. Buscam-se a solução desse problema de forma integrada com os desafios 1 e 2, ampliando a comunicação entre os pares, os setores, as entidades e organizações. Um cafeicultor melhor informado e inserido em uma comunidade, seja presencial ou digital, tende a melhorar o desempenho organizacional. O setor acadêmico e de extensão efetivamente conectados a esses produtores, pode gerar "capital social".

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