Armando Matielli e Otto Vilas Boas discutem sobre a atual situação do café brasileiro
(12/11/2009 07:06)
A produção de café deve sofrer uma redução na Colômbia, devido ao clima desfavorável. O país, que tinha previsão de colher 12,1 milhões de sacas, deverá colher 8,3 milhões de sacas nesta safra. Além disso, o consumo mundial do café está crescendo em média 1,5% ao ano e deve chegar a 132 milhões de sacas. Mas fatores não são suficientes para que os produtores brasileiros comemorem, segundo o cafeicultor Armando Matielli, diretor da Sincal e Otto Vilas Boas, especialista no mercado do café. Matielli afirma que, sem gestão pública, o preço do café não irá melhorar para o produtor brasileiro.
“Não temos gestão pública. O produtor hoje não tem interferência nenhuma nas decisões políticas em Brasília. Elas estão à mercê de alguns políticos que estão do lado dos exportadores e da Abic”, lamenta Matielli. Ele diz ainda que, mesmo que haja falta de café no mercado mundial, os preços não irão subir para o produtor. “Hoje existe toda uma sistemática preparada que não deixa o preço do café melhorar”.
Otto Vilas Boas lembra também que a política comercial de mercado deve ser alterada. “Temos que fazer as coisas de forma simples, porque é assim que funciona para o café”. Ele aconselha os cafeicultores a defenderem seu negócio e acreditar no seu produto. “Vamos ser inteligentes na comercialização do nosso café. Vamos usar os mecanismos que temos... Enquanto esse mercado não atingir um patamar melhor, que cura o custo do produtor, ele tem que fazer de tudo para não vender”.
Matielli lista algumas das medidas prioritárias que devem ser tomadas no setor de café. “Está na hora de criarmos um ISO e começar um trabalho novo para conseguir um preço novo para o café”. Ele explica que a primeira coisa que deveria ser feita para regular o mercado é fixar os preços em Reais, transformando em Dólar na BM&F. “Isso tornaria o mercado claro. E os exportadores que quiserem dar desconto aos importadores, que dêem do bolso deles. Hoje os exportadores estão dando descontos a revelia, então eles correm ao produtor e pagam o preço que eles querem”.
Outro ponto que deve ser alterado, segundo Matielli, é instituir um preço mínimo condizente com a realidade. “Hoje o preço mínimo é R$ 261, contra um custo de produção que está na faixa dos R$ 320. Isso é crime!”.
Vilas Boas diz acreditar que o mercado irá surpreender e que o cafeicultor brasileiro vai passar a exigir mais pelo seu produto. “Eu vejo sempre as coisas pelo lado otimista”.
As informações partem do Notícias Agrícolas.
Fonte: Café e Mercado
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