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quinta-feira, 29 de outubro de 2009

BC estuda medidas para conter câmbio


O Estado de S. Paulo


29/10/09

O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, costuma dizer que a missão do instituto que dirige não é a de equilibrar a taxa cambial e que sua intervenção neste mercado visa apenas a alimentar as reservas internacionais por meio de compras. Parece ter mudado de opinião. Pelo menos é o que se pode concluir da declaração que fez diante da bancada do PMDB, partido ao qual se afiliou recentemente. Aos deputados ele disse estar estudando meios para conter a valorização do real ante o dólar.

Sabe-se que o BC não interveio apenas para constituir reservas internacionais adequadas. As suas compras, que aumentaram consideravelmente nas últimas semanas, mostram que o instituto de emissão sabe que o sistema de câmbio flutuante não pode ser "puro", apesar do custo elevado dessa intervenção, em especial sendo suficiente o nível das reservas.

Henrique Meirelles sabe perfeitamente que a valorização atual tem que ver com os gastos excessivos do governo federal, que estão na origem de uma ampla liquidez que favorece o real. Com mais coragem de que no passado, o BC, no seu último Relatório de Inflação, criticou aquele excesso.

Mas, falando aos deputados do PMDB, Henrique Meirelles foi além, anunciando que o BC pretende aumentar sua contribuição aos esforços para conter uma valorização que apresenta tantos inconvenientes.

Consciente de que a criação de um IOF de 2% sobre a entrada de alguns capitais estrangeiros não terá o efeito almejado pelo ministro da Fazenda ? e na verdade apresenta mais inconvenientes do que vantagens ?, o presidente do BC sugere que se concentre mais nos problemas das restrições à saída de capitais do que nos de sua entrada.

A legislação sobre a política cambial foi implantada num período em que o Brasil tinha problemas de desequilíbrios. Hoje a situação mudou totalmente e o problema do Brasil é o excesso de capitais do exterior. Por isso, convém mudar aquela política feita para uma situação de escassez de divisas, facilitando o uso do excedente de moedas estrangeiras.

Meirelles deu o exemplo dos fundos de pensão que estão proibidos de aplicar recursos no exterior. E foi além, sugerindo o fim da cobertura cambial para as exportações.

Cabe ao governo não esquecer sua responsabilidade pela expansão da liquidez, mas a notícia dada pelo presidente do BC é de grande importância.

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